terça-feira, 29 de setembro de 2009

Por que a Primeira Guerra começou?

A gota d’água para o conflito travado entre 1914 e 1918 foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando. Ele era herdeiro do trono austro-húngaro, um império que abrangia as atuais Áustria e Hungria, além de partes da Romênia, República Checa e Eslováquia, entre outras regiões. O arquiduque e sua esposa, Sofia, foram mortos em Sarajevo, na província da Bósnia, no dia 28 de junho de 1914 por um ativista sérvio. Após o crime, o Império Austro-Húngaro culpou a Sérvia por não ter evitado o atentado e declarou guerra ao país no dia 28 de julho. Mas é claro que não foi apenas esse assassinato que botou o mundo em guerra. O episódio serviu mais como uma boa desculpa para várias potências européias resolverem velhas rixas. "A guerra na realidade foi sendo maturada ao longo das transformações nas economias européias, que fortaleceram as nações, estimularam sua militarização, levaram ao acirramento das disputas por mercados e à formação de novas alianças políticas", afirma a historiadora Denise de Moura, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Franca (SP). Nessa época, por exemplo, a Alemanha encrencava com França e Inglaterra por áreas coloniais; a Rússia, por sua vez, incentivava a independência de províncias anexadas pelo Império Austro-Húngaro. Nesse clima de hostilidade geral, os russos se aliaram à Sérvia após o assassinato do arquiduque e entraram em estado de guerra contra os austro-húngaros. Os alemães deram o troco e declaram apoio ao império que perdeu seu herdeiro. A partir daí, num grande efeito dominó, franceses, ingleses e turcos também tomaram partido na coisa. De um lado, ficaram os Aliados: Inglaterra, França, Itália, Estados Unidos, Sérvia e Rússia; do outro os impérios centrais: Alemanha, Império Austro-Húngaro, Império Turco-Otomano e Bulgária. O conflito só terminaria em 1918, com a vitória dos Aliados, e após a morte de pelo menos 15 milhões de pessoas.


Estopim nos Bálcãs

Um atrapalhado plano de assassinato na Bósnia deu início ao grande conflito
1. Ao ser anunciada a visita do arquiduque Francisco Ferdinando a Sarajevo, vários estudantes planejam um atentado. A cidade fica na Bósnia, província anexada pelo Império Austro-Húngaro, que tem Ferdinando como herdeiro do trono. Os conspiradores são apoiados pela Mão Negra, sociedade secreta que defendia a unificação da Sérvia com outras províncias dos Bálcãs
2. Assim que chega à cidade, em 28 de junho de 1914, a comitiva do arquiduque é alcançada por um dos conspiradores. Ele tem uma pistola, mas não chega a sacá-la, desistindo do ataque por motivos desconhecidos. Pouco depois, um segundo conspirador se aproxima, mas também desiste, supostamente por ter ficado com pena de ferir a mulher do arquiduque, Sofia
3. Um terceiro atacante, porém, não dá para trás. Nedjelko Cabrinovic lança uma bomba contra a comitiva. Entretanto, ele erra o alvo, a bomba passa por cima do carro do arquiduque e explode embaixo do veículo que vinha atrás. Ferdinando e seus acompanhantes próximos não são atingidos, mas um membro da comitiva é ferido e hospitalizado
4. Após o incidente com a bomba, o arquiduque decide cancelar os compromissos restantes na cidade. Mas, no meio da confusão, ocorre um mal-entendido quanto à nova rota a ser seguida. O motorista de Ferdinando acaba se perdendo nas ruas de Sarajevo
5. Numa incrível coincidência, ao rodar pela cidade, o carro com o herdeiro do trono austro-húngaro pára ao lado de um quarto conspirador, o sérvio-bósnio Gavrilo Princip, um estudante de 19 anos, cheio de ideais nacionalistas sobre a unificação de uma grande Sérvia
6. Armado com uma pistola, Princip salta à frente do carro e mata o arquiduque e sua mulher - depois, o assassino diria que não pretendia atirar nela, mas sim num governador militar da Bósnia que acompanhava o casal. Gavrilo Princip é preso e condenado a 20 anos de prisão, mas morre por complicações de uma tuberculose no dia 28 de abril de 1918, sete meses antes do final da guerra que ajudou a iniciar

Por Roberto Navarro

Que equipamentos um soldado carrega?

Curiosidade

Depende da missão. Desde o Império Romano, quando começaram a ser feitos registros do dia-a-dia militar, até a atualidade, a bagagem de um soldado baseia-se em armas, equipamentos de defesa e de sobrevivência no campo de batalha. Em geral, essa carga tem ficado em torno de 30 quilos. Para acoplar essa tralha extra sem literalmente matar o soldado, os militares precisaram criar jeitos de distribuí-la pelo corpo. Um dos estudos mais importantes sobre o assunto apareceu em 1910, quando o Exército dos Estados Unidos desenvolveu seu primeiro padrão para o equipamento do soldado. Chamado de M-1910, o equipamento sofreu vários aperfeiçoamentos nos anos seguintes, mas serviu de base para tudo o que foi feito dali para a frente. Pode-se dizer que sua última versão é o uniforme usado pelos fuzileiros americanos em ação hoje no Iraque. No infográfico, você conhece os detalhes dessa carapaça hi-tech.




Guerra portátil
Fuzileiros americanos levam 30 kg de pura tecnologia bélica



  • CAPACETE
    Os militares americanos usam na atualidade quatro modelos diferentes de capacete, todos feitos com várias camadas de kevlar. Desde de 2004, os fuzileiros recebem um modelo resistente a projéteis de 9 mm

  • BOLSA PARA REMÉDIOS
    Aqui vão medicamentos de extrema urgência, incluindo poderosos anestésicos injetáveis - a maioria dos outros apetrechos para primeiros socorros vai com o paramédico que acompanha cada patrulha

  • PISTOLA
    As forças americanas usam dois modelos de armas para combates mais próximos. Parte dos fuzileiros usa a pistola semi-automática Colt M1911 calibre 45, com alcance de 60 m. Outros usam a pistola Beretta 92S-1, com alcance de 50 m e 1 kg de peso, como a Colt

  • MEIAS
    Manter os pés secos e limpos é indispensável para evitar micoses e feridas que impeçam o soldado de caminhar. Por isso, três pares de meias são incluídos na bagagem, sendo trocados uma vez ao dia e lavados com regularidade

  • COLETE
    Feito de kevlar, uma fibra sintética ultra-resistente, é capaz de deter o impacto direto de um projétil de 9 mm, calibre da maioria das submetralhadoras e pistolas militares usadas pelos exércitos

  • FUZIL
    A arma básica é o fuzil de assalto M-16. Desenhado em 1957, tem calibre 5,56 mm, alcance de 550 m, pesa em torno de 3 kg, é feito de plástico e liga de alumínio. Os modelos mais recentes podem receber um lançador de granadas montado sob o cano

  • FACA
    Usada para cortar fios e cabos, pode ser adaptada ao cano do fuzil M-16, além de servir como punhal de combate, faca de campo e até como serra. A lâmina tem mais de 20 cm e a arma é usada em conjunto com outros modelos mais antigos de baioneta

  • MUNIÇÃO PARA MORTEIRO
    Transportada junto com rádios e agasalhos na mochila maior, que resiste a cargas de quase 60 kg. Morteiros são armas simples, feitas apenas de uma base de metal e um cano que dispara projéteis explosivos capazes de espalhar estilhaços por grandes áreas

  • BOLSA PARA ÁGUA
    Inicialmente usada por ciclistas de competição, a chamada camelbak é transportada nas costas, armazena quase 5 litros e tem um caninho plástico até a boca do soldado, que agora leva apenas um cantil na cintura - usado geralmente para reabastecer a camelbak

  • PONCHO
    Feito de tecido impermeável camuflado, é usado sob chuva, como agasalho leve ou abrigo para dormir à noite. Suas aberturas laterais permitem que o soldado faça movimentos bruscos e rápidos e possa manejar armas com facilidade

  • BOLSAS PARA MUNIÇÃO
    Munição nunca é demais. Por isso as bolsas no suspensório de um fuzileiro são desenhadas com capacidade para pelo menos três magazines de 30 cartuchos para fuzil M-16 ou dois magazines de 20 tiros para carabina M-4 ou ainda quatro pentes de munição para pistola

  • KIT LIMPA-ARMA
    Usado para limpar e lubrificar fuzis, pistolas, submetralhadoras e carabinas - armas que podem emperrar por causa de poeira e umidade. Contém óleo mineral, grafite, flanela e escovinha para retirar resíduos de pólvora do cano

  • CHEM LIGHT
    Do inglês "luz química", são pequenos tubos plásticos (em torno de 15 cm de comprimento) que ao ser agitados produzem uma reação química, gerando luz de baixa intensidade em diversas cores para sinalização ou iluminação de emergência

  • TOLDO
    Feito de plástico ou tecido impermeável em padrões variados de camuflagem (para selva, deserto ou neve), é usado como abrigo contra o sol e a chuva, além de servir para montar barracas e macas improvisadas

Texto feito por Roberto Navarro

Revista Mundo Estranho

Fala Professor - 1ª Guerra Mundial


Entre os anos de 1870 e 1914, o mundo vivia a euforia da chamada Belle Epóque (Bela Época). Do ponto de vista da burguesia dos grandes países industrializados, o planeta experimentava um tempo de progresso econômico e tecnológico. Confiantes de que a civilização atingira o ápice de suas potencialidades, os países ricos viviam a simples expectativa de disseminar seus paradigmas às nações menos desenvolvidas. Entretanto, todo esse otimismo encobria um sério conjunto de tensões.Com o passar do tempo, a relação entre os maiores países industrializados se transformou em uma relação marcada pelo signo da disputa e da tensão. Nações como Itália, Alemanha e Japão, promoveram a modernização de suas economias. Com isso, a concorrência pelos territórios imperialistas acabava se acirrando a cada dia. Orientados pela lógica do lucro capitalista, as potências industriais disputavam cada palmo das matérias-primas e dos mercados consumidores mundiais.Um dos primeiros sinais dessa vindoura crise se deu por meio de uma intensa corrida armamentista. Preocupados em manter e conquistar territórios, os países europeus investiam em uma pesada tecnologia de guerra e empreendia meios para engrossar as fileiras de seus exércitos. Nesse último aspecto, vale lembrar que a ideologia nacionalista alimentava um sentimento utópico de superioridade que abalava o bom entendimento entre as nações.Outra importante experiência ligada a esse clima de rivalidade pôde ser observada com o desenvolvimento da chamada “política de alianças”. Através da assinatura de acordos político-militares, os países europeus se dividiram nos futuros blocos políticos que conduziriam a Primeira Guerra Mundial. Por fim, o Velho Mundo estava dividido entre a Tríplice Aliança – formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália – e a Tríplice Entente – composta por Rússia, França e Inglaterra.Mediante esse contexto, tínhamos formado o terrível “barril de pólvora” que explodiria com o início da guerra em 1914. Utilizando da disputa política pela região dos Balcãs, a Europa detonou um conflito que inaugurava o temível poder de metralhadoras, submarinos, tanques, aviões e gases venenosos. Ao longo de quatro anos, a destruição e morte de milhares impuseram a revisão do antigo paradigma que lançava o mundo europeu como um modelo a ser seguido.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola